quinta-feira, novembro 20

Adélia Prado



Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.

Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.

Quando ele vier, porque é certo que ele vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?





4 comentários:

Anônimo disse...

Saudades....cheguei!!!

-Como não se encantar com seu gosto poético? Como a fecharei, se não for santa???...rsss

Bjs e bom final de semana!

Anônimo disse...

A mulher envelhece?...e os outros não?....bj!!

Cynthia Lopes disse...

Linda escolha Liz, tão feminina escolha... bjs

Renata (impermeável a) disse...

adelia prado é sempre...


uau...........