sábado, março 28

Porto Alegre - 237 anos

Porto Alegre completou 237 anos nesta última semana. Minha homenagem a ela que me acolheu e onde aprendi a ser gente grande. Aliás, estou tentando até hoje...



  • Uma canção para uma cidade muito amada

Nós somos nossos sonhos
e as lembranças que nos
seguem.

Nossa cidade é um porto
e tornamos este porto mais
alegre.

Nós somos essas ruas,
banhadas de lua.

Esse pôr-de-sol
que se entrega às águas
num explendor de paixão.

Nós somos essas vidas
cinza, alvores e canção.

Ah, cidade dos meus amores,
ah, Porto Alegre estendida
à beira do rio
e em meu coração

Luiz Coronel

quinta-feira, março 26



Foto: PIXDAUS


noite de chuva
horas esperando
que o raio volte

Alice Ruiz




quarta-feira, março 25

Mar & Cia



de calmaria
a mar revolto
numa semana

se a sorte
não me engana
é você

quem me oceana



Múcio e
Rodolfo

terça-feira, março 24

Tela: Paul Cornell

Ausência, é esta transparência.
O tempo a tropeçar na janela
voando de telhado em telhado
de estrela em estrela. A própria Noite.

Júlia Moura Lopes - Portugal




segunda-feira, março 23

Foto: Zscolt Arkossy


Ontem, vendo um programa especial sobre Dina Sfat no GNT ouvi dela, entre outras coisas, que deveríamos saber nos despedir de alguns fatos da vida. Que isto seria importante. Mas que ao mesmo tempo, alguns deles poderiam conviver conosco porque nos dariam estabilidade.
Coincidencia é que confessei essa minha neura sobre o fato de não conseguir me despedir definitivamente de alguns acontecimentos do passado e que eles são imprescindíveis para continuar seguindo em frente com equiíbrio.


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade



E Duda está por uma semana conosco, juntamente com papi&mami
Está linda, cresceu e muito falante. Só não está falando italiano, ainda.


domingo, março 22

A vez de "um tantinho de prosa" mas, com poesia enternecedora...


Enquanto houver poesia...‏

Recebi este texto de uma "amiga emprestada". Sim, emprestada pois de outra maneira dificilmente teria tido oportunidade de conhecê-la. Trata-se de Mirian, mulher de um amigo de Eduardo, meu sobrinho. Aliás, ele também se chama Eduardo e são amigos de longa data. Desde os tempos do Anchieta. Amigos e compadres. Além disto, ambos estão vivendo experiências parecidas. Estão, por força de trabalho - eles, além de tudo, trabalham na mesma empresa, vejam vocês!!! - longe do Brasil por um período. Eduardo e Mirian, lá no Oriente e Eduardo e Célia, no Velho Mundo.
Conheci Mirian, Eduardo e os pitocos Gabriel e Thiago en passant, nos eventos como aniversários ou encontros por acaso. A última vez que os vi foi no aniversário de 2 anos de Eduarda. Quando ela completou 3 anos, em set/2008, eles não foram pois estavam viajando.
Agora, encontro eles novamente, por conta do blog que Célia criou para ficar mais pertinho de nós e para nos contar o cotidiano que estão vivendo lá longe, no outro lado do mundo.


O caso do poema roubado
(O Globo)
***Por Cora Rónai - fotógrafa, jornalista, colunista de jornal e autora de livros e peças para crianças.


Há coisa de dois ou três meses apareceu, no portão do sítio, um pacote grande, embrulhado num saco de lixo preto. Ninguém viu quem trouxe.

Amanheceu e estava lá. Assim que foi notado, ficaram todos da casa, bípedes e quadrúpedes, muito cabreiros com a sua presença. Nos dias de hoje, ninguém vê com confiança ou simpatia pacotes grandes, embrulhados em sacos de lixo pretos.

Os cachorros cheiraram e latiram, os gatos mantiveram distância, o Dirceu olhou de longe, cutucou com uma vareta, chamou Mamãe. O conteúdo parecia ser duro, sólido, como madeira. Não era nada morto, com certeza. E não parecia ser bomba, muito embora ninguém da família tenha a mais remota idéia de como seja uma bomba, salvo pelo que se vê no cinema e nos desenhos animados.

Finalmente, depois de mais cutucadas e de muita hesitação, o pacote foi trazido para dentro, e aberto com o cuidado que a desconfiança recomendava.

Quando o conteúdo se revelou, surpresa total: Quem poderia imaginar que um poema roubado há 30 anos voltasse ao lar daquela maneira?!

Quando o sítio ficou pronto, em princípios dos anos 60, uma das primeiras providências dos meus pais foi espalhar pelo jardim e pela floresta uma dúzia de poemas. Papai os selecionava, Mamãe os pintava em tabuletas e ambos escolhiam juntos, com capricho, as árvores e os cantinhos onde seriam expostos.

Passear pelo sítio era como entrar numa pequena antologia sentimental.

Com o tempo, as tabuletas foram sumindo. Algumas queimaram junto com as suas árvores nos incêndios que, há alguns anos, eram comuns na região e que, apesar dos esforços do pessoal lá de casa, eventualmente atingiam partes do terreno. Outras foram vítimas do tempo. A maioria, porém, desapareceu sem deixar vestígios.

O poema devolvido chama-se "Casa antiga", foi escrito em 1964 por minha madrinha Cecília Meireles e dedicado a Nora e Paulo Rónai:


"Forrarei tua casa já tão antiga

Com um papel que imita as paredes de tijolo.

Ficará tão lindo como se estivéssemos na Holanda.

Forrarei tua casa assim, mas por dentro,

De modo que, longe de todas as vistas,

Será como se estivéssemos ao ar livre, no jardim.

E deixarei uma parede quebrada? Não uma porta, não uma janela:

Uma parede quebrada por onde passe um ramo de goiabeira

Carregado de flores e vespas.

Parecerá que estamos sonhando,

E estamos sonhando mesmo,

E parecerá que estamos vivendo,
E a vida não é mesmo um sonho impossível?"
........................

Dentro do pacote, junto com a tabuleta, veio um bilhete escrito em letra pouco cultivada, na folha arrancada de um caderno.

Dizia o seguinte:

"Quando era menino achei este quadro lindo, pelo poema. Peço perdão por ter roubado este quadro. Hoje me converti a Jesus e sinto necessidade de devolvê-lo. Sinto-me envergonhado pela minha atitude. Mas, era só um menino. Peço perdão a Deus e a vocês. E que vocês também consigam perdoar".

Não havia nome, assinatura, nada.

Ficamos com muita pena, pois teríamos gostado de conhecer e abraçar o menino antigo que roubou o poema, e o homem correto que o devolveu, passados tantos anos.

Mal sabe ele que nos deu um presente muito maior do que o que levou:

Um mundo onde crianças roubam poemas e adultos os devolvem é um mundo de beleza e de esperança.


Nós mesmos sentimos que o que fazemos é uma gota no oceano.
Mas o oceano seria menor se esta gota faltasse."
(Madre Tereza de Calcutá)



sábado, março 21


na
arrebentação
do mar
as ondas
arrebentam-me
e lavam
minh'alma



Mary





sexta-feira, março 20

João Pedro, de novo

Para dormir, como tantos outros bebês, ele precisa do paninho ou de um bichinho para ficar acarinhando até dormir. Às vezes, não dá pra resistir a uma fotinha rápida com o inusitado da cena como esta daí: a carinha enterrada no elefante, enquanto tenta dormir!




quinta-feira, março 19




Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros
que trago na cabeça?

José Gomes Ferreira



terça-feira, março 17

Mexem comigo a forma como você fala,
A segurança que voce passa,
Os pensamentos que você permite.
[..]

Raphael Melo, publicado no MEGAZINE do jornal O GLOBO de hoje, 17/03/09







segunda-feira, março 16


quis a cor
em luz e tom
que fosse a cor você
só você, e não
a de qualquer amor

Bocgzon




domingo, março 15


[...]

eu que nada sei do universo
admiro o horizonte

ele não me mostra respostas
mas um infinito de possibilidades


Mary

sábado, março 7

SHE

Para lembrar o Dia Internacional da Mulher,
uma foto do site PIXDAUS



sexta-feira, março 6

Aviso aos navegantes:

A foto de Che Guevara, que ilustra minha postagem de ontem - uma poesia de Alice Ruiz - foi escolhida mais pelo cigarrillo do que pelo personagem. Costumo "casar" o tema com fotografia. Se dentre os visitantes, que aliás, prá minha satisfação são muitos, alguém se sentir ofendido a ponto de postar sua opinião anonimamente, baixando pau sobre minha postagem, farei o que fiz: deleto!
Se pensam o que pensam, assinem embaixo. Assumam suas opiniões. Daí, concordando ou não, mantenho aqui seus comentários.

quinta-feira, março 5



















Fantasia Cubana



Me gusta encender
el cigarrillo dese hombre.

Me gustaria encender la luz
para que yo
y todos vean
el hombre
y la luz que es ese hombre.

Pero,
me gustaria mucho más
encender
ese hombre.

Alice Ruiz

quarta-feira, março 4


Chegar,
Como brisa que atravessa a janela.
Soprando de leve,
As brumas do passado.
Chegar,
Como o barco.
Trazendo alegrias,
Após enfrentar as procelas sombrias.
Chegar,
Como a saudade.
Que bate,
De manso, no coração.
Chegar,
Como chuva, fininha,
Mansinha, criadeira,
Necessária e tão querida.
Ficar,
Nas lembranças do passado,
Nas estampas do presente,
A retratar nosso ontem no hoje.
Ficar,
Para sempre.
Na imagem nunca esquecida,
Dos que nos são tão queridos.
A vida,
É chegar e ficar,
Para sempre.
Vida nunca será partida.

Cecília Meireles




terça-feira, março 3

Foto: também do PIXDAUS

Quem anda no trilho,
é trem de ferro,
sou água que corre entre pedras:
Liberdade caça jeito.

Manoel de Barros

(Postado originalmente no blog da marcia/clarinha

segunda-feira, março 2

Foto: PIXDAUS

e assim
quando você
me perceber extinto

não me pergunte
como foi
nem como vou

trago na boca
esse buquê
de vinho tinto

passei
como um vento
que passou


domingo, março 1

Repetindo uma postagem antiga


ESQUECIMENTO


Então a memória nos trai

E a antiga vida principia a desaparecer.
Algumas palavras.
Alguns sons.
Alguns cheiros.

E tudo o que parecia indivisível
desvanesce por inteiro.

Então a lembrança nos distrai.

E as vozes não nos chamam mais.
E o futuro se reveste de paz.

E então
o passado não mais nos atrai.

E nem mesmo o presente.
(sente!)

E tudo é só bruma e névoa e esquecimento.
Pezinhos de crianças em calçada de cimento.

da cabeça de Moacir, do Blog de 7 Cabeças