quinta-feira, janeiro 15

Foto: PIXDAUS

[..]

A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência

E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.

A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta

Por que recusas amor e permanência?


Três luas, Dionísio, não te vejo.
Três luas percorro a Casa, a minha,
E entre o pátio e a figueira
Converso e passeio com meus cães

E fingindo altivez digo à minha estrela
Essa que é inteira prata, dez mil sóis
Sirius pressaga

Que Ariana pode estar sozinha
Sem Dionísio, sem riqueza ou fama
Porque há dentro dela um sol maior:

Amor que se alimenta de uma chama
Movediça e lunada, mais luzente e alta

Quando tu, Dionísio, não estás.

[...]


Hilda Hilst

6 comentários:

{ * } disse...

liz!
saudades daqui... um feliz ano para você!
beijos,
karen
http://www.desedium.blogspot.com/

Cynthia Lopes disse...

Bela poesia e, adorei as borboletas, viu!

Anônimo disse...

Hola, Liz!

Te vi no Solda e resolvi adentrar em teus cyberspaço para lhe apresentar o nosso coletivo poético:


http://poeteias.blogspot.com/


Faça uma visitinha!!!


Ricardo Pozzo

Anônimo disse...

Há um erro de digitaçãonesse poma do Hilda, há não?

RP

Gaspar de Jesus disse...

" A minha casa é Guardiâ do meu corpo..."
Lindo...!!!
Gostei.
Bjs
G.J.

Anônimo disse...

Guardiã do corpo e da alma.

lindo dia flor
beijos