Foto do Pixdaus

Exercício
corro
sempre
mais
rápido

que eu
e os
medos
todos

não
podem
me
alcançar.

(Wilson Guanais)

Minha solidão
é feita de
tantos abandonos,
de tantas ausências,
que eu não a
reconheço
mais.
(Eduardo Borges)










Foto:Ayman Hammad

Pai
ela fala com facilidade
mas, para desespero da
mãe, levou um tempão
para chamá-la e quando
o fez, saiu assim:
nhãenhãe... nhãenhãiiii
o que não deixa de ter um certo charme!

************************************





















Foto:Pixdaus



[...]
e quando chegar aos 90
já sem força, sem futuro,
sem idade
vou fazer uma festa de prazer
convidar todos que amei
registrar tudo que sei
e morrer de saudade.

*****************

envelhecer, quem sabe
não seja assim tão desastroso
me interesa perder essa ansiedade
me atrai ser atraente mais tarde
um pouco mais idade, que importa
envelhecer, quem sabe
não seja assim tão só

(Martha Medeiros)

Foto: Pixdaus

contramão


és todo instante
somos vez por outra
sou universo paralelo ao teu

(coexistimos)

em essências, dores e ardores
nossas lembranças
rotina que faz meu dia
se perder no teu
em frascos de saudade
em doses cavalares de solidão
sigo em rodovia nua
na contramão

(aline, do blog de 7 cabeças)

Foto by Eduardo Kasper

Chocante é a água
que brilha no olho
e vira lágrima.

(Magali Velasco Eidt, da série Poemas no ônibus)

paliativo

Foto publicada no Pixdaus

paliativo

Sufoco as marcas do tempo
Com as mesmas digitais
Que você deixou...
Me tatuando
(por dentro)
(Sandra Regina de Souza)

Tela: George Xiong

Olha, Maria
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia
Mas hoje, Maria
Pra minha surpresa
Pra minha tristeza
Precisas partir

Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar
Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar

Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher
Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré

Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormindo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar

Vai, alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender
Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder

Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer

(Tom Jobim/Vinicius/Chico)

Bebê

cresce
barriga
afora
realidade
adentro

nesse
desabrigo
nada
existirá
sem ele.

(Wilson Guanais)





Esta postagem é para Rafaela e/ou João Pedro.
(ainda não sabemos se é menina ou menino,
mas os nomes já foram escolhidos)

Foto publicada no pixdaus

A vida, às vezes
Dá azia
É sopa de letrinhas
Que a gente vomita
E faz poesia.

(czarina das quinquilharias, do blog de 7 cabeças)

Foto postada no Pixdaus

Olho de tigre,
deus me livre
que tua eu me sagre
( eu queria, tu sabe,
mas nem por milagre
nos salvaríamos da queda
e meu peito, ele quebra
por isso eu finjo:
a gente não se cabe)
Olho de tigre,
caso meu querer não migre
prefiro que meu coração sangre
a dá-lo de comer aos abutres
ou a fazer os votos de madre
prefiro
(se tua porta inda abre)
que sejamos os dois, num suspiro,
os mais felizes cabeças-de-bagre

(Múcio Góes)

Uma peça jurássica que ainda funciona. O problema é que quando toca, aterroriza o quarteirão inteiro tal o exagero de seu alarme.
Não me restou outra alternativa que não torná-lo uma peça de decoração, no meu cantinho de antiguidades, ou então receber uma advertência do condomínio por estar molestando a tranquilidade da vizinhança.
:o)

Tela: Salvador Dali

Era uma vez
o desejo
e sua rotina
sob a pele.

Era uma vez
o humano jogo
do amor
e seus remendos

Agora,
só ossos
com a ruína dentro:
ambíguo reino
de fadas
e de vento.

(Volnyr Santos, do livro Da Condição Amorosa)

Foto: paper profiles publicada no pixdaus por hope

Vontade você...

porque :
vontade não
precisa
pretexto nem
preposição

(Clauki Saba)

em trânsito

Tenho lido minha sorte nas laterais de caminhões.
é espantosa a quantidade de vezes
em que o oráculo prediz:
MUDANÇAS

(A czarina das quinquilharias, do blog de 7 cabeças)

Tela: auto-retrato/Pablo Picasso

"Il n'y a jamais un moment où tu peux
dire: j'ai bien travaillé, et demain c'est
dimanche.[...] Tu ne peux jamais mettre
le mot fin".

Pablo Picasso



E para quem gosta de fotografia vai aí uma dica: pixdaus

"E se um dia hei de ser pó, cinza e nada

que seja a minha noite uma alvorada,

que me saiba perder… pra me encontrar…"
(Florberla Espanca)



e... filha de peixe, peixinho é. Ela andou viajando e descobrindo mundos nunca dantes vistos e navegados.

nossa senhora da flor roxa
rosai por nós
assim na vida
como no chão
a primavera de cada ano
nos dai hoje
encantai nosso jardim
assim como encantamos
o do vizinho
e não nos deixeis cair na tentação
de esquecer tuas flores
(Alice Ruiz)

Foto: capa disco Madeleine Peyroux

A sua lembrança me dói tanto
Eu canto pra ver
Se espanto esse mal
Mas só sei dizer
Um verso banal
Fala em você
Canta você
É sempre igual

Sobrou desse nosso desencontro
Um conto de amor
Sem ponto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés
E saudades fúteis
Saudades frágeis
Meros papéis

Não sei se você ainda é a mesma
Ou se cortou os cabelos
Rasgou o que é meu
Se ainda tem saudades
E sofre como eu
Ou tudo já passou
Já tem um novo amor
Já me esqueceu

Chico Buarque - Desencontro      
   

[...]

Desde o início
vi nos teus olhos














meu precipício.

(Múcio Góes)

... e aproveitando uma postagem do Solda, da série "como estou dirigindo", lá vai ilustração pra este post:

E, exatamente em frente ao Solar, está sendo fi-nal-men-te restaurado o prédio que abrigará as obras dos artistas gaúchos e porto-alegrenses - a Pinacoteca Municipal - cujo acervo que até agora, por não ter espaço apropriado, está sob a guarda do MARGS. Fiscalizo a obra todos os dias e se eu ainda estiver morando por aqui até a inauguração, é lá que farei meu trabalho voluntário.

Chanson triste

Chanson juste pour toi,
Chanson un peu triste je crois,
Trois temps de mots froissées,
Quelques notes et tous mes regrets,
Tous mes regrets de nous deux,
Sont au creux de ma voix,
Comme do, ré, mi, fa, sol, la, si, do.
C'est une chanson d'amour fané,
Comme celle que tu fredonnais,
Trois fois rien de nos vies,
Trois fois rien comme cette mélodie,
Ce qu'il reste de nous deux,
Est au bout de mes doigts,
Comme do, ré, mi, fa, sol, la, si, do.
C' est une chanson...
C'est une chanson en souvenir
Pour ne pas s'oublier sans rien dire
S'oublier sans rien dire

Isso deviam ensinar na escola

Mas não ensinam.

Querem que a gente acredite que as árvores dão o ar que respiramos.
Que o homem foi à Lua.
Que as guerras acabaram.
Que as pessoas são boas.
Que se pode chegar ao fim do arco-íris.

Aí a gente sai em busca do nosso próprio arco-íris e não encontra.
Se tenta fazer um, não há matéria-prima pra ele nesse mundo.

E então descobrimos que tudo o que é bonito nesse mundo não existe

– é só uma ilusão feita de luz.

da dona do Gaveteiro

Solar dos Câmara

Atualmente funcionando como anexo da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, O Solar foi construido entre 1818 e 1824, e é um marco na paisagem porto-alegrense. Foi tombado em 1963, pelo IPHAN, pelo seu valor histórico e por ser um dos últimos remanscentes residenciais do séc. XVIII em Porto Alegre e são dele as fotos da minha postagem de hoje.

Tela: Salvador Dali

O que desejo dizer
não cabe numa folha de papel
[...]
e é quadro que se esparrama
muito além da moldura
(fragmentos de ressonância/Adelaide Amorim)

Tela: Narciso - Caravaggio, pintor italiano (1571/1610)

Sabia que não era feio
e o que insinuava
não era espelho.

Mirava-se
no que era externo,
ilusão de horizonte,
extensão dos olhos,
imagem mais bela.

Primeira lição de admirar:
o melhor reflexo
está na janela.

Narciso ao avesso/Antônio Mariano