quarta-feira, fevereiro 28
terça-feira, fevereiro 27
Despacio pasan las horas cuando quiero tener sueño.
Cuando es un sueño que quiero las horas pasan corriendo.
Despacio, como se mira un buen cuadro,
como brotan tus lágrimas,
como llega el frío engaño.
Despacio, como se mira un recuerdo,
como se anuncia la vida,
como se esculpen los sueños.
Despacio, despacio.
(La Oreja de Van Gogh)
Outra flor
qualquer estação
que se encerra
se estende
no mesmo caule
da flor
que se abre
no mesmo tempo
da flor
que se fecha
(André Dick)
domingo, fevereiro 25
LFV
QUASE...
"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei decor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."
sábado, fevereiro 24
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public
doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever; I was wrong.
The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood,
For nothing now can ever come to any good.
FUNERAL BLUES (W. H. Auden)
(recitado no filme Quatro Casamentos e um funeral)
sexta-feira, fevereiro 23
quinta-feira, fevereiro 22
quarta-feira, fevereiro 21
sexta-feira, fevereiro 16
Ahora que ya no soy más joven
yo que siempre me apené de las gentes mayores,
yo, que soy eterna pues he muerto cien veces, de tedio, de agonía,
y que alargo mis brazos al sol en las mañanas
y me arrullo en las noches y me canto canciones para espantar el miedo,
? que haré com el confuso y turbio río que no encuentra su mar,
con tanto día y tanto aniversario,
con tanta juventud a las espaldas,
si aún no he nacido, si aún hoy me cabe
un mundo entero en el costado isquierdo?
Que hacer ahora que ya no soy más joven
si todavia no te he conocido?
(Piedad Bonnett)
quinta-feira, fevereiro 15
quarta-feira, fevereiro 14
Foto:
Ilustração de Fernanda Correia Lima para o livro infantil OU ISTO OU AQUILO de Cecilia Meireles
Esto que estás oyendo
ya no soy yo,
es el eco, del eco, del eco
de un sentimiento;
su luz fugaz
alumbrando desde otro tiempo,
una hoja lejana que lleva y que trae el viento.
Yo, sin embargo,
siento que estás aquí,
desafiando las leyes del tiempo
y de la distancia.
Sutil, quizás,
tan real como una fragancia:
un brevísimo lapso de estado de gracia.
Eco, eco
ocupando de a poco el espacio
de mi abrazo hueco…..
Esto que canto ahora,
continuará
derivando latente en el éter,
eternamente….
inerte, así,
a la espera de aquel oyente
que despierte a su eco de siglos de bella durmiente..
Eco, eco
ocupando de a poco el espacio
de mi abrazo hueco…..
Esto que estás oyendo
ya no soy yo…
(ECO/Jorge Drexler)
segunda-feira, fevereiro 12
O homem é resultado de suas mulheres.
Abro a janela se escuto uma voz.
Abro uma porta se pessinto passos.
Eu me antecipo para depois me adiar.
O homem é o resultado de suas mulheres.
Tive uma manhã, não uma noite,
uma manhã como amantes casados.
Com a luminosidade intensa,
cerrei os olhos para enxergar.
Tive um pouco mais do que uma vida
em uma manhã.
(Carpinejar)
quarta-feira, fevereiro 7
Viemos de uma genealogia
que nunca dará adeus,
em nenhuma situação
ainda que da morte
ou da feroz despedida.
Não nos daremos adeus,
ainda que o fundo do tempo
martele nos joelhos
como um médico de família,
ainda que o barco vacile
e a terra se abra sem cumprimentos.
Não nos daremos adeus
por uma questão de caráter.
(Carpinejar)
Foto: by Celia Luiz, a mãe da Duda
(do jardim da Amelia Kasper, em Arroio do Meio)
terça-feira, fevereiro 6
De tudo fica o encanto
e o não querer dissipá-lo
uma distância que nos pune
e o medo que nos abarca, esse halo
farpado que nos oprime
Nada mais. Nem a cor, o perfume.
(talvez ainda um calo, um coto) .
Sobre o luar paira um manto
- um álibi encobre o crime
trevas, o sentimento morto.
De tudo fica o encanto.
(O sentimento Morto
- José Carlos Aragão em, Poemas no ônibus)
segunda-feira, fevereiro 5
Ela desatinou
Tela:
Cantante Flamenco de
Sonia Delaunay, 1916
MNBA - Buenos Aires
Ela desatinou,
viu chegar quarta-feira
acabar brincadeira,
bandeiras se desmanchando
e ela inda está sambando
Ela desatinou,
viu morrer alegrias,
rasgar fantasias
os dias sem sol raiando
e ela inda está sambando
Ela não vê que toda gente,
já está sofrendo normalmente
toda a cidade anda esquecida,
da falsa vida, da avenida
onde ela desatinou,
viu morrer alegrias,
rasgar fantasias
os dias sem sol raiando
e ela inda está sambando
Quem não inveja a infeliz, feliz
no seu mundo de cetim, assim,
debochando da dor, do pecado
do tempo perdido, do jogo acabado...
(Chico Buarque de Hollanda)
Outro tema da Confraria, mas antes, um adendo:
Depois de uma semana delirando, voando nas alturas, aterrisei. Coloquei os pés no chão. Aliás, registro aqui meus apologizes por isto. Peguei pesado. Daqui pra frente, meus delírios serão postados em outro local. Secreto e escondido. Não revelo seu endereço nem que a vaca tussa!!
De volta, então, à realidade, nada melhor que Arte para fazer com que me anime. O tema vai ser A ARTE NO CINEMA e lá me fui eu puxar os fios da minha memória cinematográfica. Lembrei de três filmes:
1) A garota do brinco de pérola (Girl with a Pearl Earring)
Aborda uma determinada época da vida do pintor holandês Jan Vermeer (1632-1675) em que Scarlett Johansson é a tal garota. Belíssima, diga-se de passagem. Estou postando a tela de Vermeer.
A de Scarlet, interpretando a própria, vocês podem ver clicando
aqui
Chegando lá, clicar no item 19.
Comparem as duas fotos. Impressionate a semelhança!
Os dois filmes seguintes, considero especiais não pelo filme em si, mas porque o tema é lembrado subliminarmente, como podem ver a seguir:
2)
The Thomas Crown Affair
Neste, o deus grego Pierce Brosnan, interpreta um milionário entediado que rouba quadros de pintores famosos. No caso, Monet. Não vou contar a história pois o objetivo aqui é outro. No final, quando ele resolve devolver o quadro roubado ao museu ele - Thomas/Pierce - se movimenta pelo cenário, fazendo uma alegoria ao trabalho de René Magritte (1898-1967), pintor belga Surrealista que dizia: "eu faço uso da pintura para tornar os pensamentos visíveis." Thomas Crown anda pelo museu vestido tal qual o tema recorrente nas telas de Magrite: vestindo terno escuro e usando chapéu-côco. Até a gravata vermelha não foi esquecida... Este personagem se multiplica pois é a maneira dele driblar a vigilância, deixando o interior do museu tomado pelos "homens de chapéu-côco" de Magritte. Quem não se interessa por arte, estes detalhes passam batidos. A menção é, portanto, subliminar.
Tela:
Le fils de l'homme de René Magritte
3) O Dragão Vermelho - (The Red Dragon)
Este filme me impressionou exatamente pela habilidade dos roteiristas ( sei lá se são eles que fazem isto) de embutirem a "fatia" arte na história. Nela, outro dos meus queridinhos - Ralpf Fiennes - interpreta o maníaco Tooth Fairy, obcecado por tatuagens e famoso por seus crimes cometidos com requintes de crueldade. É um personagem que inspira compaixão no expectador pois ele é atormentado por uma auto-estima distorcida e pretende (na sua loucura), transformar-se em um dragão. Este dragão é inspirado no Dragão Vermelho de William Blake, que é, assim, lembrado subliminarmente também...
Foto:
Fiennes, interpretando o tatuado Tooth Fairy
William Blake (1757-1827) foi um dos primeiros grandes poetas Romanticos ingleses. Foi também pintor, impressor e um dos maiores gravadores da história inglesa. Seus trabalhos poéticos foram todos ilustrados por ele mesmo e, segundo consta, sua mulher o auxiliava neste trabalho. Sua obra é impressionante: apocalíptica, assustadora e profética. Como todo grande criador, foi um gênio incompreendido na sua época. Uma voz solitária contra a marcha da ciência e da razão. Talvez por isto tenha sido considerado um lunático pelos seus contemporâneos. Mas sua obra vale a pena ser vista.
Tela:
The Red Dragon, de William Blake
(uma das versões. Existem outras, mais horripilantes...)
sexta-feira, fevereiro 2
A cura pela fala... espero que funcione!
“Não diferencio os cogumelos
venenosos dos sadios,
os inços das ervas curativas.
como descobrir
o que mata
sem morrer um pouco por vez?”
(Carpinejar)
Espanto são as coincidências da vida. Espanto é o estado de graça que muitas delas produzem na gente. Com tal intensidade que praticamente flutuamos invisíveis por horas, dias e dias e dias... Anestesiados, tentamos prolongar esta sensação que imagino só uma droga ser capaz de produzir. Quero fazer o caminho inverso de Alice no País da Maravilhas. Não quero saber de voltar e não quero tomar nenhuma direção. Quero ficar ali, escondida. egoisticamente usufruindo o Paraíso. Irreal, sei. Mas quero ficar ali, numa tentativa inútil de congelar o tempo que me chama à realidade aos berros. Volto, sim volto! Mas como diz Chico em Sabiá, volto pra fazer planos de me enganar, enganos de me encontrar, estradas de me perder, fazendo tudo e nada pra te esquecer feito um equilibrista numa corda de arame farpado.
Deixa eu voltar a ser pequena minúscula ínfima infinitamente leve me leve de volta a esse tempo de bincadeiras brinquedos besteiras me belisque e não me deixe acordar quero voltar andar prá trás dormir no colo ouvir histórias ser levada pela mão correr pra qualquer direção ter gana de crescer todo o tempo do mundo pra viver esquecer preencher sem saber como é difícil quero voltar a ser dócil fácil tátil lúdica elétrica cantar em métrica mas totalmente sem ritmo quero rir colorir colocar colecionar chorar de dor delirar com a cor descobrir um esconderijo cabra-cega não me pega tudo vale a pena.
Deixa eu voltar a ser pequena
Prometo que dessa vez trago uma mulher mais serena.
(Paula Teitelbaum em, Mundo da Lua)
Foto:
Ilustração de Fernanda Correia Dias para o livro infantil de Cecília Meireles Ou isto ou Aquil