PESSOIX

um terço de mim delira

um terço de mim pondera

outro terço: ah! quem dera!

(Goulart Gomes )

Foto: ilustração de Fernanda Correa Dias para o livro infantil de Cecilia Meireles Ou isto ou aquilo

Não era todo músculo

Tão pouco todo místico
Mas veio em fascículos
Revelando aos poucos
Seus sussurros roucos
Seus desejos loucos
Sua beleza crônica
Sua consciência tônica
Não era todo músculo
Tão pouco todo místico
Era Maiúsculo.

(Paula Teitelbaum, em Eu versos Eu)

Foto:
Ilustração do livro O Sensualista, de Barbara Hodgson)

Estetica

Das muitas cicatrizes,

algumas, tão bem feitas,

já são tatuagens.

(Tê Soares)


Credito da foto:
Mirka das Rosas

Passou por mim um arrepio

Arretado arredio e transitório
Foi embora num impulso compulsório
Correu carregando minha vontade
Deixou-me corroída de saudade
Quero novamente este tremor
Esse frio misturado com calor
A certeza de que a minha superfície
ainda solta fogos de artifício.

(Paula Teitelbaum em, Mundo da Lua)

Ela está aprendendo a folhear páginas....

mas, às vezes pede ajuda pros pezinhos também!
:o)

Não posso

Mas desejo

Não devo

Mas vejo

Não quero

Mas ponho

Não faço

Mas sonho

(Paula Teitelbaum em, Eu versos Eu)

Uma música chamada Epitáfio que é linda e não lembrava mais

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
Até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr

(Sérgio Britto/Titãs)

Embarquei minha filha no navio

e disse, minha filha, vai
disse, minha filha vai descobrir
o que há do outro lado do mar
embarquei e disse, vai
minha filha, descobrir o que há
que não se pode contar
disse, vai e olha com teus olhos
o que amor nenhum pode detalhar
vai, minha filha, sonhar
e conhecer o mundo para melhor navegar
disse, vai, minha filha
atravessar fronteiras e encontrar
o que existe do lado de lá, eu disse
vai, que eu fico te esperando aqui
minha filha, eu fico te aguardando
eu disse, vai que eu guardo o teu lugar

(Martha Medeiros em, De Cara Lavada)

Este post é dedicado para ti, que está vivendo este momento muito particular de ver teus filhos(as) batendo asas e fazendo seus vôos solo....

O estranho fichário

O cérebro humano arquiva tudo. Mas tudo mesmo! - insistem os sábios. O único transtorno em toda essa maravilha é que a gente vive perdendo as chaves do maldito arquivo...

(Mario Quintana, em A Vaca e o Hipogrifo)

Foto:
Ilustração do livro O Sensualista de Barbara Hodgson

Quem avisa, amigo é!

Não se desfaçam das antigas e fiéis agendas de telefones! Sebosas, antigas, caquéticas... não importa. Ah, e mantenham elas atualizadas! Aliás, atualizadíssimas!
Pelo menos elas não apagam as anotações e muito menos pifam!
É a segunda vez que perco toooooodos os telefones da minha agenda do celular. Pluft! Assim, sem aviso prévio, ele te deixa na mão. Vais à Assitência Técnica pedir socorro e a mocinha, com a maior ingenuidade te diz: "vamos ter que trocar a peça-mestra do aparelho" Hih....já vi este filme! "Quer dizer, que perdi tudo que tem na agenda?" pergunto eu. "EXATAMENTE!" me responde ela prontamente. E mais: até chegar a tal peça, ficas, no mínimo 15 dias sem o teu rico celulari! Não podemos comprar um aparelho novo toda vez que o de uso pifa! Da outra vez, fui obrigada a me render e fiz esta despesa pois a tal peça-chave, levou mais de 30 dias para chegar, sei lá de onde, Mon Dieu! De outra galáxia, no mínimo!
E o aparelho é um NOKIA 2255, com apenasmente 5 meses de uso!!!!
Todo bonitinho, com tampa clap-clap, o ordinário!
Poooooode?
Pode, sim!
Agora tô eu aqui, procurando nomes e telefones, conferindo se todos que não quero perder constam desta preciosidade para depois passá-los praquela pós-mordernidade instável e volúvel...

num quadro de edward hopper

a vida destrói
um sol
quase esquecido
numa tela de hopper:

o posto de gasolina
abandonado,

onde um senhor,
talvez o dono,

em seu ócio,
rega a grama

com sua bomba
de petróleo.

(André Dick)

Quando li este poema sabia exatamente a qual tela de Hopper que o autor se referia.
A postagem, portanto, está completa!


Tela:
Hopper, Edward
Gas
1940
Oil on canvas
MOMA-New York

Um inferno tem mais
realidade do que o paraíso.
Voltar atrás é impossível
a quem se prende
na fugacidade das tarefas.
Ir adiante é impossível,
sem a comoção que conturbe
e desagrade a continuidade das horas

Por que a culpa do que não foi vivido
é maior do que a culpa do que aconteceu?

O que é imortal não tem passado.

(Carpinejar, em COMO NO CÉU)

e eu pergunto:
Por que a culpa do que aconteceu
é maior daquela que nem vivida foi?

e o PAC, hein??!!!!!!!!

Também vou começar a planejar minha vida, contando com o dinheiro alheio!
Deste jeito vai é emPACar!
Estão achando que os brasileiros têm RG de otário!!!!!!

São como um cristal,

as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

(Eugénio de Andrade)

Ela é pachorrenta

Segundo Aurélio:

pachorra

(ô) [De um rad. pach-, ‘gordura’, ‘pesadume’, + -orra, poss.]
Substantivo feminino.

1.Falta de pressa; vagar, lentidão, fleuma.

2.Paciência


Quer dizer:
não tem pressa pra caminhar. Todo mundo louco pra vê-la caminhando e ela, nem aí!
Continua se arrastando por toda casa, sentada sobre seu bundão, vasculhando cantinhos e descobrindo mundos.

Último espelho

Essa cara de laranja
chupada
é terminal?
Rio até cair a dentadura.

Tou velha
nada me chateia
e sei que nessa
vida curta
nada dura

(Ivone Vebber)

O Causídico da turma de Middle Stream

Fernando Buttini, pessoa única, sui generis, nosso famoso "Buta", grande connaisseur das delicias de Baco, amigo de longa data, um humor inteligentemente incrível, COLORADO doente, peça essencial em qualquer empreendimento de lazer que fazíamos, atualmente um eminente promotor, nos recebeu, junto com sua eterna bem-amada Magda, em sua casa.
Foi um reencontro pra ninguém botar defeito. Comemos e bebemos muito bem, e de quebra, Magda ainda nos ofereceu uma verdadeira orgia de sobremesas!
Das mais variadas!
Conversamos e rimos até altas horas da madrugada e por ele, ficaríamos até a hora do café da manhã, quando então, nos dispensaria sem tantos apelos de fiquem, fiquem mais um pouco.
Se por um desses acasos da vida alguém vier a conhecê-lo algum dia, não o percam de vista! Não o deixem ir sem pelo menos trocar meia duzia de palavras com ele. É o que basta para terem a mesma opinião que a minha sobre ele!
É uma pessoa pra lá de especial.

Saskatchewan

SASKATCHEWAN!
Parece palavrão, não parece?
Pois não é! Trata-se do nome de uma cidade no Canadá onde, nos últimos anos, RêMaria passa o Natal, na casa de seu irmão. Hehehehehehehe... isto é pra quem pode! Natal com temperatura a 15 graus negativos, com direito à neve até os joelhos e tudo o que se possa imaginar, enquanto nós, abaixo do Equador, cozinhamos nosso esqueleto com temperaturas escaldantes.Quando ela retorna, invariavelmente traz "mimos" pros seus amigos. Lembrancinhas, como ela diz, pois não dá pra exagerar nos gastos. Desta vez os mimos dela para mim foram:

1. um marcador de página com dupla função. Além de marcador, tem um treco que aumenta o foco! Vejam vocês que maravilha. Dá pra ler até pensamento!

2. um chaveiro très chiq, avec mon prénon,

3. um imã de geladeira (que esqueci de incluir na foto)

e,

4. maravilha das delícias: chocolat au lait suisse!

Ah... a vida é ótima muitas vezes!!

Tudo esclarecido

Tudo esclarecido
entre as coisas
e os seus
significados
o que se viveu
tá vivido
o assunto
virou passado
e o que passou
tá
esquecido

entre as coisas esquecidas
estão as melhores lembranças
entre as coisas perdidas
estão os grandes achados

(Itamar Assumpção e Alice Ruiz)

Je ne regrette rien

Non! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal tout ça m'est bien égal !

Non ! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette rien...
C'est payé, balayé, oublié
Je me fous du passé!

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux !

Balayés les amours
Et tous leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro ...

Non ! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette nen ...
Ni le bien, qu'on m'a fait
Ni le mal, tout ça m'est bien égal !

Dansez-vous?

J'ai un coeur énorme
Qui dirige ma vie entière
Je peux vous donner un peu de mon coeur
Mais avant il faut que vous dansiez

Dansez, dansez, dansez-vous ?

Si vous ne dansez pas pour moi
Comment puis-je savoir qui vous êtes
Si vous ne dansez pas avec moi
Comment puis-je savoir ce que nous serions

Dansez, dansez, dansez-vous ?

Que ferez-vous quand je bouge là
Que ferez-vous quand je bouge ici
Où irez vous quand je fais un pas
En arrière ou en avant

Dansons ensemble en rythme,
nous ne faisons qu'un.

(Pink Martini qui chante cette chanson)

Tela: Dancing (2002)
Fernando Botero

DISTÂNCIA JUSTA

No amor, e no boxe,
tudo é questão de distância.
Se te aproximas demasiado me excito
me assusto.
me ofusco
digo bobagens
me ponho a tremer.
Porém se estás longe
sofro entristecida
me desvelo
e escrevo poemas.

(Cristina Peri Rossi)

(já disse algo parecido...)

Crédito da foto:
Ilustração do livro A esposa do Veneziano de Nick Bantock

Cuéntamelo otra vez...

Cuéntamelo otra vez:
es tan hermoso
que no me canso nunca de escucharlo.
Repíteme otra vez que la pareja del cuento
fue feliz hasta la muerte,
que ella no le fue infiel,
que a él ni siquierase le ocurrió engañarla.
Y no te olvides de que, a pesar del tiempo y los problemas,
se seguían besando cada noche.
Cuéntamelo mil veces, por favor.
Es la historia más bella que conozco...

(Amalia Bautista)

Tela: Picnic(2001)
Fernando Botero

Um presente e uma recomendação

Ganhei um presente que cobiçava, no mínimo, há 10 anos.
Milagres, afinal, acontecem!

O DIÁRIO DE FRIDA KHALO

... e a recomendação:



Um livro imperdível. Um livro que recomendo não pedir emprestado. Aconselho comprá-lo para que depois de lido ele possa ficar junto de outros, na estante de livros que nos acompanharão pro resto de nossos dias.
Este livro chama-se O CAÇADOR DE PIPAS ( The kite runner) de Khaled Housseini.
Faz um bom tempo que uma história não me toca tanto quanto a de Amir e Hassan. O livro nos envolve desde o início de tal forma que não se consegue parar de ler. Às vezes nos identificamos com Amir e outras vezes nos vemos em Hassan, pois creio que todos temos um pouco das características dos dois personagens. Passei dias com o coração apertadinho, nó no gogó e meus olhos marejavam cada vez que lembrava de algumas passagens do livro. Mas como disse Adélia Prado: “o que é bonito enche os olhos de lágrimas” .

But...

I should like to change
into a sunflower most of all!

Um pouco mais...

Jogo I Ching, dados, runas, tarot
ainda acredito no grande amor, na magia

me deixo suspensa, espero...

preencho com poesia os silêncios
que me invadem

(Nadia Lopes)

SETE

As 7 cores do arco-íris
Os 7 mares conhecer
Venha onde for
7 notas pra cantar
7 mil canções
Tantas outras ilusões
Mais de 7 vezes pecar

As 7 fontes da saudade
Embora 7 são bem mais
7 vidas mais
7 cartas de Tarot
Posso adivinhar
Onde mora o meu amor
7 sonhos pego a sonhar

As 7 portas do destino
A 7 chaves não fechar
Venha onde for
Onde o 7 vai pintar
7 vezes mais
7 léguas por andar
7 maravilhas viver

Segunda-feira enlouqueço
Na terça-feira quero mais
Quarta pra te amar
Quinta-feira pra esquecer
Sexta não chorar
E no sábado sumir
Para no domingo voltar

(Cláudio Venturini / Murilo Antunes)

Presentes do verão em Porto Alegre

Não é de hoje que dá para notar que Porto Alegre, durante os meses de Verão, torna-se um verdadeiro paraíso para quem fica agüentando o calor que só camelo sabe tirar de letra. O "paraíso" fica por conta das surpresas que os dias modorrentos dos finais de semana porto-alegrense, presenteia justamente àqueles que bravamente permanecem fiéis a ela, não a abandonando à canícula desértica e sufocante. Nunca saio de casa sem a companhia minha máquina fotográfica pois ela é, há muito, meu terceiro olho. Graças a este hábito, pude registrar um raro momento: o ilustre professor, historiador, arquiteto, urbanista e artista plástico Riopardense de Macedo, na manhã ensolarada de sábado, em plena Rua Duque de Caxias, sentadinho em frente ao Solar dos Câmara, exercitando um dos tantos dotes que possui: desenhando o portal de entrada daquele antigo e belo solar. Não resisti àquela cena e me aproximei perguntando se podia fotografá-lo em ação.




Até aí nem imaginava quem era o protagonista daquela cena tão especial. Ele concordou com meu pedido como se fosse um fato comum em sua vida. Acocorei-me a seu lado, apresentei-me e disse que também gostava de desenhar mas que jamais conseguiria com tão poucos traços dar idéia do que estava sendo reproduzindo tão claramente quanto ele. Falamos sobre o Solar em si, perguntou-me se eu já havia o visitado, sobre as tantas coisas que têm no seu interior para ser visto e reproduzido... Então lembrei-me de perguntar seu nome. Quando ele disse quem era ele, afinal, quase caí sentada.
Nada mais, nada menos que o Professor catedrático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, autor de vários livros sobre a cidade de Porto Alegre, pessoa que certamente já consta nos anais da história rio-grandense, alí ao meu lado! Apesar da idade avançada, um olhar ainda cheio de vida, uma pessoa doce e lúcida.
Ao me despedir, não resisti: tasquei um beijo na bochecha daquele ilustre cidadão porto-alegrense e saí para resolver as coisas "comesinhas" da vida, como diria Paulo Bauler, com a certeza de que cena como essa eu custaria a presenciar novamente.

Raphael

Quatre consonnes et trois voyelles
C' est le prénom de Raphael
Je le murmure à mon oreille
Et chaque letre m' emerveille
C' est le tréma qui m' ensorcelle
Dans le prénom de Raphael
Comme il se mêle au a au e
Comme il les entre-mêle au l

Raphael à l' air d' un ange
Mais c' est un diable de l' amour
De bout des hanches
Et de son regard de velous
Quand il se penche
Mes nuits son blanches
Et pour toujours
Hum hum...

Peau de chagrin pâtre éternel
Archange étrange d' une autre ciel
Pas de dèlice, pas d' étiencelle
Pas de malice sans Raphael
Les jours sans lui deviennent ennui
Et mes nuits s' ennuient de plus belle

Pas d' inquiétude pas de prélude
Pas de promesse à l' éternel
Juste le monde dans notre lit
Juste nous vies en arc en ciel.

(do CD de Carla Bruni - Quelqu' un m' a dit)

(Il y a une autre personne qui a le prénom avec quatre consonnes et trois voyelles.
Il est un fantôme, le roi du désirable)

John William Waterhouse

Pintor inglês, neo-clássico e Pré-rafaelista (1849/1917)Famoso por seus quadros representando personagens femininos da Mitologia e da Literatura.
Coube-me esta tarefa para o próximo encontro com a Confraria loucos por arte da qual faço parte e que se reune para charlar sobre este assunto tão fascinante.
Fiz questão de registrar aqui o "cau
so" pelo meu espanto diante da tela que Waterhouse pintou em 1897, Mariana in the South
Olhem o perfil da menina ao espelho!


















E,
então,
reparem neste perfil aí:
Esta também é Mariana
No ano de 2007
Mais de 100 anos separando as duas Marianas no tempo!
Não é incrível a semelhança??????
Milagre dos elétrons reciclados, como diria ACVB de Holy Ghost.









Para ver a Mariana de Waterhouse em tamanho maior vá até:
http://www.jwwaterhouse.com/
Tem tantas outras maravilhas para serem vistas por lá...

Hoje, na hora do almoço, chovia que dava gosto! Aliás, adoro chuvas de verão. Invariavelmente quando chove, pego meu guarda-chuva e saio a caminhar pelo aguaceiro. A energia que vem com ela, do alto, sempre me pareceu fazer bem.

Vinicius de Moraes

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.