Presentes do verão em Porto Alegre
Não é de hoje que dá para notar que Porto Alegre, durante os meses de Verão, torna-se um verdadeiro paraíso para quem fica agüentando o calor que só camelo sabe tirar de letra. O "paraíso" fica por conta das surpresas que os dias modorrentos dos finais de semana porto-alegrense, presenteia justamente àqueles que bravamente permanecem fiéis a ela, não a abandonando à canícula desértica e sufocante. Nunca saio de casa sem a companhia minha máquina fotográfica pois ela é, há muito, meu terceiro olho. Graças a este hábito, pude registrar um raro momento: o ilustre professor, historiador, arquiteto, urbanista e artista plástico Riopardense de Macedo, na manhã ensolarada de sábado, em plena Rua Duque de Caxias, sentadinho em frente ao Solar dos Câmara, exercitando um dos tantos dotes que possui: desenhando o portal de entrada daquele antigo e belo solar. Não resisti àquela cena e me aproximei perguntando se podia fotografá-lo em ação.
Até aí nem imaginava quem era o protagonista daquela cena tão especial. Ele concordou com meu pedido como se fosse um fato comum em sua vida. Acocorei-me a seu lado, apresentei-me e disse que também gostava de desenhar mas que jamais conseguiria com tão poucos traços dar idéia do que estava sendo reproduzindo tão claramente quanto ele. Falamos sobre o Solar em si, perguntou-me se eu já havia o visitado, sobre as tantas coisas que têm no seu interior para ser visto e reproduzido... Então lembrei-me de perguntar seu nome. Quando ele disse quem era ele, afinal, quase caí sentada.
Nada mais, nada menos que o Professor catedrático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, autor de vários livros sobre a cidade de Porto Alegre, pessoa que certamente já consta nos anais da história rio-grandense, alí ao meu lado! Apesar da idade avançada, um olhar ainda cheio de vida, uma pessoa doce e lúcida.
Ao me despedir, não resisti: tasquei um beijo na bochecha daquele ilustre cidadão porto-alegrense e saí para resolver as coisas "comesinhas" da vida, como diria Paulo Bauler, com a certeza de que cena como essa eu custaria a presenciar novamente.
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