sábado, setembro 29

Eva












(Magritte - The great war)


Algumas costurarão

(em vão)

suas partes mais mais castas

e permanecerão

pra sempre

sacras

Outras farão do amor biscate

sem que para isso lhes baste

mais que uma piscadela

E haverá aquela que sai à caça

Te cerca, te pesca e te castra

Caso faças escárnio dela

Há a que te desata das costas

O crime mais antigo

A que te dará tudo

Escolha, castelos, abrigo

E só pedirá que a ame

Mas isto também é um castigo.

Não descarte o conselho,

Sr. meu amigo, porque é fato

(apesar de não justo)

a oferta pode não ser escassa

mas cada costela

tem seu custo.

(Czarina, do Blog de 7 cabeças)




sexta-feira, setembro 28




...te quiero mucho, muchacho,

pero tengo que deletarte.
(Marilda Confortin)

till death us do apart

it may be
beautiful to die for love
in a poem
but it´s ugly and stupid
to die for love
in the life

(Luiz Antonio Solda)

quinta-feira, setembro 27

se

 se for preciso
eu até rimo
amor com dor,
mas,
sol se preciso
flor.
(Múcio Góes, do blog de 7 cabeças,
cujo link está aí abaixo)

quarta-feira, setembro 26
















dentro de mim
morreram muito tigres

os que ficaram
no entanto

são livres


(lau siqueira em "poesia sim"
http://www.lausiqueira.blogger.com.br/)


terça-feira, setembro 25

aviso:








aqui no meu jardim,

de coloridos sentimentos,
há uma placa que diz:
cuidado, não pise em mim.
(Mary, do blog de 7 cabeças, cujo link está aí ao lado)


segunda-feira, setembro 24

viés














esse garoto que às vezes te visita
vive outra práxis
outros dias
e se imiscui em teu cotidiano de aço e vidro
com sua bola de meia
com seu pomar terra e verde
e o balanço de corda

esse menino magro te perturba
te renova
como se fosse memória e
faz sorrir nas horas mais sisudas

é curioso, o menino, e traz questões
que não dizem respeito
ao homem sério que agora te tornaste

enquanto imóvel ponderas papéis de tuas pastas
ele se agita e brinca e mexe em tuas gavetas
e sem te consultar
sopra em tuas letras a brisa de outras tardes
e sensações de afago e de varanda

esse garoto que às vezes te visita
à noite em tua cama
canta baixinho cirandas e prelúdios
para manter acesa tua chama

(adelaide amorim)

domingo, setembro 23

Adorei este flagrante















Jujú, já treinando para ser mamãe...















E Duda, fazendo direitinho a lição aprendida!

quarta-feira, setembro 19

Tela: René Magritte

"E falta sempre uma coisa, um copo,
uma brisa, uma frase...
E a vida dói quanto mais se goza,
e quanto mais se inventa..."

(Fernando Pessoa)



terça-feira, setembro 18










trago na memória dados

tragados e perdidos lagos
repare, bárbara,
desencontros costuram cismas

de ambos os lados.

trazes na lembrança faltas
anseios e metais em riste
repare, bárbara,
é sina demasiada árdua

de ambos os lados.

conforme a perspectiva
descobrir que o lado
é o possí­vel imaginado
e nunca o alinhavado

não há ambos, apenas lado.

um. e o olhar, bárbara,
é o traidor deslavado.
finge, negaceia,
mas se entrega em palavras

as não ditas. pensadas.

em síntese é assunto acabado,
quando a memória é evocada.
(dito por esther em:
http://imaginarioeixo.blogdrive.com/)






segunda-feira, setembro 17



Onde andará Nicanor?
Tinha nó de marinheiro
Quando amarrava um amor
Mas há recantos guardados
Nos sete mares rasgados
Sete pecados tão bons
Onde andará Nicanor?

(Chico Buarque)

domingo, setembro 16




















Urgência


Escrevo cartas que não mando,
mensagens que não envio
ai, meu Deus, mas que fastio
dessa falsa apatia
tropeçar nas mesmas pedras
trilhar os mesmos desvios
com tanta vida pulsante
me negar e procurar
o tédio das calmarias...
Logo eu que desvario
lato, uivo e enlouqueço
nas noites de lua cheia
eu, que sempre me arrepio
muito mais do que me aquieto
preciso arrancar as teias
daquela antiga guerreira
que habita dentro de mim.

Viver é urgente!

(Li Stoducto, que descobri graças a Adelaide Amorim)

sábado, setembro 15

sexta-feira, setembro 14

Segundo item na lista de presentes do meu niver:

- ímãs de geladeira. Internacionais, of course.
( é a modesta lembrança que sempre peço quando meus amigos viajam para o exterior. Não pesam, não fazem volume na bagagem e é um gift charmoso e barato)
Eles têm um lugar especial na minha geladeira, separados dos outros simplezinhos, sem pedigree... Por enquanto tenho 1 do Canadá, 3 da Argentina, 2 de Paris, 1 de Amsterdã e 1 da Singapura.
:o)

quinta-feira, setembro 13

dos labirintos da memória














Eu me espanto com a misteriosa capacidade que nosso cérebro tem de arquivar memórias de nosso passado. Mais precisamente, dos acontecimentos, rotinas, sons e cheiros de nossa infância, por exemplo. Para mim elas voltam geralmente em sonhos. Tão reais que invariavelmente acordo. A última experiência aconteceu recentemente e me fez identificar o som do ferro de passar usado lá em casa por minha mãe, às segundas-feiras à noite, depois da janta, quando nos sentávamos à volta da mesa para ouví-la nos contar histórias enquanto ela passava um monte de roupas...
O som era do ferro à brasa, sendo colocado sobre um suporte (também de ferro) enquanto ela dobrava a roupa que acabara de passar. Um som seco de metal sobre metal. Aquele som específico que eu nunca mais ouvi nem nunca mais pensei à respeito... Como pode, pergunto, lembrar que era aquele o som que eu ouvi em sonho? Que mecanismos são acionados em nossa memória quando dormimos que este tipo de fenômeno acontece e que nos parece tão real a ponto de quase nos fazer levantar da cama para constatar que não foi um sonho?
C' est étonnant!!!
É espantoso!!

Aliás, ultimamente, é bem melhor ficarmos no mundo dos sonhos porque a vida real tá danado, não?!
Apesar de não ser surpresa, o que é o Senado brasileiro, hein???
Ça m´étonne aussi!!!!


quarta-feira, setembro 12

Tela: Jean Cocteau - Astrology


A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência

E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.

A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e permanência?

Hilda Hilst/Zeca Baleiro




terça-feira, setembro 11

Primeiro item na lista dos presentes de meu Aniversário:


Eu quero, quero sim!
:o)

segunda-feira, setembro 10




















Para o que o suor não me deu
O fogo do amor ensinou
Ser o barro embaixo do sol
Ser chuva lavrando sertão
Qual aleijadinho de sabará
E a semente das bananas

Para o que não tem solução
A sede do peixe ensinou
Não me vale a água do mar
Nem vinho, nem glória, navio
Nem o sal da língua que beija o frio
Nem ao menos toda raiva

Para o que não tem mais razão
A calma do louco ensinou
A dizer nada

Para o que não tem mais nada
A calma do louco ensinou
A dizer razão
( Milton Nascimento e Márcio Guedes)


nada a dizer...

porque tinha uma vaca no meio do caminho que me impediu de escolher um ângulo melhor para fotografar o barquinho. Como agora dei pra tentar entender o que bichos dizem, juro que ela, apesar de afônica, mugia com tanta veemência contra minha presença, que acabei acatando seus apelos de "não se atreva a invadir meu terreno!!" e a foto do barco ficou do jeito que está.



sábado, setembro 8

SEMPRE










Eu te contemplava sempre
Feito um gato aos pés da dona
Mesmo em sonho estive atento
Para poder lembrar-te sempre
Como olhando o firmamento
Vejo estrelas que já foram
Noite afora para sempre
O teu corpo em movimento
Os teus lábios em flagrante
O teu riso, o teu silêncio
Serão meus ainda e sempre
Dura a vida alguns instantes
Porém mais do que bastantes
Quando cada instante é sempre

(Chico Buarque)

sexta-feira, setembro 7




Segundo Aurélio,
genética
[F. subst. de genético.]
Substantivo feminino.

1.
Biol. Ramo da biologia que estuda as leis da transmissão dos caracteres hereditários nos indivíduos, e as propriedades das partículas que asseguram essa transmissão.

Eu, aos 21 e Mariana aos 16 anos
Alguma dúvida de que temos as mesmas características genéticas?

Até a covinha no queixo é igual!



Vinícius de Moraes













Tela : Pablo Picasso

Modelo: Françoise Gilot



RECEITA DE MULHER

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental.
É preciso que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture em tudo isso
(ou então que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).

Não há meio-termo possível.
É preciso que tudo isso seja belo.
É preciso que súbito tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada
e que um rosto adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser,
Mas que se reflita e desabroche no olhar dos homens.
É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado.
É preciso que umas pálpebras cerradas lembrem um verso de Éluard
E que se acaricie nuns braços alguma coisa além da carne:
que se os toque como no âmbar de uma tarde.
Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas.
Nádegas é importantíssimo.
Olhos então nem se fala, que olhe com certa maldade inocente.
Uma boca fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras;
que uns ossos despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas,
e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras:
uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes. Indispensável.
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral levemente à mostra;
e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os menbros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhavel na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!).
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre flores sem mistério.
Pés e mãos devem conter elementos góticos discretos.
A pele deve ser frescas nas mãos, nos braços, no dorso, e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
a 37 graus centígrados,
podendo eventualmente provocar queimaduras do primeiro grau.
Os olhos, que sejam de preferência grandes
e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra;
e que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão que é preciso ultrapassar.
Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente com seu sorriso e suas tramas.
Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber o fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade de pássaro;
e que acariciada no fundo de si mesma
transforme-se em fera sem perder sua graça de ave;
e que exale sempre o impossível perfume;
e destile sempre o embriagante mel;
e cante sempre o inaudível canto da sua combustão;
e não deixe de ser nunca a eterna dançarina do efêmero;
e em sua incalculável imperfeição
constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.



quinta-feira, setembro 6














Tela: Paul Cornell - Cassiopeia


...e um dia disseram que era proibido amar
mas foi indiferente
porque amar ninguém quase mais quer,
então sonhar foi preciso, pra quem sabe um dia
em um sonho
se veja a realidade, quando a gente se encontrar
se é que nós existimos mesmo, ou for apenas algo
em que queremos acreditar.

(Andrew Albuquerque)

quarta-feira, setembro 5


Quando o mar tem mais segredo
Não é quando ele se agita
Nem é quando é tempestade
Nem é quando é ventania
Quando o mar tem mais segredo
É quando é calmaria


Quando o amor tem mais perigo
Não é quando ele se arrisca
Nem é quando ele se ausenta
Nem quando eu me desespero
Quando o amor tem mais perigo
é quando ele é sincero

AMOR, AMOR - Maria Bethânia (Sueli Costa / Cacaso)



terça-feira, setembro 4

Goethe disse que...














A juventude é a embriaguez sem vinho

e eu digo, sem falsa corijice,
bota beleza de embriaguez
nestes dois exemplos de juventude!
Cada uma com sua beleza particular:
Mariana
e
a psicóloga Fernanda.



domingo, setembro 2

Neste Longo Exercício de Alma...





Ciência, amor, sabedoria,
- tudo jaz muito longe, sempre...
(Imensamente fora do nosso alcance!)

Desmancha-se o átomo,
domina-se a lágrima,
vence-se o abismo:
- cai-se, porém, logo de bruços e de olhos fechados,
e é-se um pequeno segredo
sobre um grande segredo.

Tristes ainda seremos por muito tempo,
embora de uma nobre tristeza,
nós, os que o sol e a lua
todos os dias encontram,
no espelho do silêncio refletidos,
neste longo exercício de alma.

(Cecília Meireles - 1955)